sobre gênero


Em simples palavras, o que é gênero?

Para você que já ouviu falar, mas ainda não sabe muito bem o que significa gênero, produzimos um texto, apresentado a seguir, com uma linguagem mais simples, que pode te ajudar a entender porque este conceito teórico é importante nas ações pelo fim do preconceito nas escolas e na sociedade em geral.

Gênero se refere, de um modo geral, aos significados que atribuímos aos homens e às mulheres. Esses significados são construídos socialmente (na família, na escola, no trabalho, na mídia, na rua...), mas eles mudam, ao longo da história. 

O problema é que esses significados se baseiam em diferenças que são tomadas como desigualdades, gerando preconceitos, por um lado, em relação às mulheres, consideradas frágeis, sensíveis e como principais (ou únicas) responsáveis pelo cuidado dos outros, mas não de si mesmas e, por outro lado,  os homens são considerados fortes, insensíveis e incapazes de cuidar nem dos outros nem de si. Com certeza, você conhece homens e mulheres que não se enquadram nesses padrões e que, por isso, são discriminados.

Falar sobre gênero é falar sobre esses padrões culturais e sobre os preconceitos, buscando eliminar sofrimentos e discriminações.

O que é violência de gênero?

A violência de gênero se baseia na desigualdade entre homens e mulheres, construída historicamente. Por isso, no Brasil, desde 2006, existe a Lei Maria da Penha, exatamente para punir a violência doméstica e familiar contra as mulheres, baseada em gênero. Ou seja, baseada na desigualdade entre homens e mulheres. “Bater em mulher” antigamente, era visto como um problema menor, porque não se percebia o quanto ela é séria. Inúmeras pesquisas também revelam o alto índice de morte de mulheres, travestis e transexuais, vítimas da violência de gênero. A dimensão deste problema só ficou clara por causa dos debates sobre gênero.

O que gênero tem a ver com sexualidade?

Gênero está diretamente relacionado à sexualidade porque, antigamente, havia uma ideia de que o sexo era apenas para ter filhos. A única prática sexual aceita era a heterossexual. Quem não se encaixava neste padrão de gênero, era considerado anormal. Por isso, aquelas pessoas que não querem ter filhos e as pessoas que não se encaixam no padrão heterossexual, como as lésbicas, os gays e os bissexuais sofrem tanto preconceito e tanta violência.

O que gênero tem a ver com identidade?

Você já sabe se é um menino ou menina? Essa é uma das primeiras perguntas que se faz a uma mulher, quando ela diz que está grávida. Ou seja, mesmo antes de nascer, muitas vezes, já somos identificados a partir do nosso sexo. Algumas pessoas se adéquam, com maior ou menor dificuldade, a essa identidade. Outras pessoas não. E, por causa disso, muitas vezes, são agredidas cotidianamente, em casa, na rua, nas escolas... As pessoas trans (travestis e transexuais) são aquelas que mais sofrem por não se enquadrarem nesses padrões de identidade. Por isso, as discussões de gênero são tão importantes para o debate sobre identidade. Sendo mais flexíveis em relação à identidade, certamente produziremos menos sofrimento.

Por que é importante falar de gênero nas escolas?

Por muito tempo, as pessoas que sofreram violência, baseada em gênero (entre elas, as mulheres, os gays, as lésbicas, os/as travestis e os/as transexuais) ficaram caladas, escondidas e com medo até mesmo de falar sobre seus desejos e sobre suas dúvidas, inclusive nas escolas.

A discussão sobre gênero nas escolas não é para impor nada a ninguém. É somente uma forma de refletir sobre os problemas que podem ser gerados pelo estabelecimento de papéis tão rígidos para os homens e as mulheres, em nossa sociedade.

A partir das discussões sobre gênero, podemos falar mais abertamente sobre a promoção da saúde, a superação da vulnerabilidade às doenças sexualmente transmissíveis, a prevenção do abuso sexual infantil, a prevenção do assedio sexual, a gravidez entre adolescentes, sobre machismo, sexismo, racismo, entre tantos outros temas.

Foi também a partir das discussões sobre gênero que podemos pensar sobre feminilidades e masculinidades e as diversas formas de expressão da sexualidade e dos modos de ser homem ou mulher, que mudam ao longo da história, de cultura para cultura, de pessoa para pessoa.
Estudar sobre gênero na escola favorece, assim, a prática do respeito entre meninos e meninas, homens e mulheres.

(*) Este texto foi extraído da cartilha "Educação com igualdade", produzida pelo Núcleo Feminista de Pesquisas em Gênero e Masculinidades (Gema/UFPE) - Clique na figura ao lado, para acessá-la, na íntegra.



SUGESTÃO DE ALGUNS TEXTOS FUNDAMENTAIS PARA LEITURAS MAIS COMPLEXAS SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE:

  • Sobre la categoría género: una introducción teórico-metodológica | Teresita de Barbieri | > Leia aqui!  
  • Gênero: uma categoria útil para análise histórica | Joan Scott | > Leia aqui! 
  • Os usos e o abuso do gênero | Joan Scoth  | Leia aqui!
  • Uso y abuso del concepto de género | Maria Jesús Izquierdo | > Leia aqui! 
  • A tecnologia do gênero | Teresa de Lauretis | > Leia aqui! 
  • O segundo sexo | Simone de Beauvoir | > Leia aqui! 
  • A dominação masculina | Pierre Bourdieu | > Leia aqui!
  • El tráfico de mujeres: notas sobre la economía política del sexo | Gayle Rubin | > Leia aqui! 
  • Gênero, classe e raça: Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais  | Helena Hirata > Leia aqui!  
  • Talking Back: Thinking Feminist, Thinking Black. bell hooks | > Leia aqui! 
  • Intelectuais Negras | hooks, bell | > Leia aqui! 
  • Feminist Theory: from margin to center | bell hooks | Leia aqui! 
  • A instabilidade das categorias analíticas na teoria feminista | Sandra Harding| > Leia aqui!
  • Pensando o Sexo: Notas para uma Teoria Radical das Políticas da Sexualidade | Gayle Rubin  | > Leia aqui! 
  • Problemas de Gênero: Feminismo e subversão da identidade | Judith Butler | > Leia aqui! 
  • Manifesto contrasexual: práticas subversivas de identidade sexual. Autoria: Beatriz Preciado | > Leia aqui! 
  • Gênero, Sexualidade e Educação: Uma Perspectiva Pós-estruturalista. Autoria: Guacira Lopes Louro | > Leia aqui! 
  • Feminismo e discurso do gênero na psicologia social | Conceição Nogueira | > Leia aqui! 
  • Feminismo de terceira geração: um debate para a Psicologia Política | Karin Ellen Von Smigay | > Leia aqui!
  • História da sexualidade: A vontade de saber | Michel Foucault | > Leia aqui!